O ano de 2007 chega ao fim como aquele em que o mercado de computadores praticamente atingiu o volume de vendas daquele que é o aparelho mais popular do país: a televisão. Os números da consultoria IDC apontam que 8,9 milhões de máquinas - entre micros de mesa e portáteis - serão compradas neste ano. O ritmo de crescimento do setor se mantém acima de 25% e deve permanecer na casa dos dois dígitos pelo menos até 2011.
São números mais do que suficientes para colocar no mercado uma enxurrada de empresas atrás de sua fatia no bolo. Hoje, segundo informações da consultoria IT Data, há nada menos que 80 empresas habilitadas a produzir computadores no país usando o benefício do Processo Produtivo Básico (PPB), que prevê redução fiscal a companhias que utilizarem componentes fabricados no Brasil. "É muita empresa e é claro que não há espaço para todas", diz o analista Ivair Rodrigues. "Haverá, naturalmente, um processo de consolidação."
Tanta concorrência, porém, não intimidou os planos de Fabio Song e Ricardo Bloj. Os executivos, egressos da indústria de PCs, acabam de ligar as linhas de produção da Evolute, fábrica de computadores que foi montada do zero dentro de um pólo de tecnologia em Campinas (SP). Com capital próprio, os executivos injetaram R$ 12 milhões na empresa. As máquinas da Evolute tem capacidade de produzir 70 mil computadores por mês.
A questão é: o mercado ainda tem espaço para mais fabricantes de PCs? "Tem, e viemos para competir de igual para igual com os grandes do setor", diz Ricardo Bloj.
O executivo conhece bem seus concorrentes. Antes de assumir a presidência da Evolute, Bloj foi, por seis anos, presidente da Solectron, companhia especializada em fabricar PCs para terceiros. Antes de chegar à Solectron, Bloj ocupou diversos cargos na IBM, onde trabalhou por 14 anos. "Estudamos profundamente o mercado, analisamos o que deu certo e errado em outras empresas", diz. "Foram dias e mais dias de discussões, e vimos que há espaço para crescer."
A Evolute não quer pensar pequeno. Sua meta para os próximos dois anos é arrematar algo entre 7% e 10% do mercado de varejo do país. Para se ter uma idéia da empreitada, a Positivo Informática, que hoje lidera o mercado nacional de PCs, detém 21,5% do mercado formal de computadores, segundo a IDC. O volume é mais que o dobro do segundo lugar do ranking, hoje disputado a ferro e fogo por companhias como HP, Dell e Lenovo. Em outras palavras, o que a Evolute se propõe a fazer é atingir, em 24 meses, um volume de vendas próximo ao alcançado hoje pela HP no país. "Investimos R$ 12 milhões sem ter sequer uma venda programada", comenta Bloj. "Não se trata de uma aventura."
As primeiras máquinas da Evolute já começaram a chegar ao varejo, setor que será a sua prioridade. O primeiro modelo de laptop, de R$ 1.499 - com memória de 1GB, disco de 80 GB, gravador e leitor CD/DVD, tela de 15.4 polegadas e Windows Starter Edition instalado - está há venda em lojas da rede Carrefour, na grande São Paulo. A empresa também fechou com as lojas do Baú, do Grupo Silvio Santos. "Outros parceiros estão por vir. O objetivo é distribuir no país inteiro."
Os computadores de mesa, segundo Bloj, chegarão ao mercado no início de 2008, ano em que consumidor brasileiro deverá comprar 11,8 milhões de máquinas. Nos planos da Evolute, a meta é faturar R$ 80 milhões no período.
Questionado se a Evolute viria a terceirizar a sua produção com a Solectron, em vez de investir em produção própria, Bloj diz que sim: "Há vantagens em ambos os modelos", comenta. "O que a produção própria te dá é a possibilidade de controlar melhor a questão do estoque de componentes e variações do mercado.
Recent Comments